Obras nas Portas do Sol

 

Estudo prévio custou 15 mil euros apesar de ter sido elaborado por técnicos da câmara

O Jardim das Portas do Sol, considerado um dos sítios mais emblemáticos da cidade de Santarém, vai ser requalificado depois de ter sido aprovado na câmara o estudo prévio para a intervenção.

Mas se a obra merece consenso entre as três forças políticas que compõem o executivo autárquico, a forma como esta vai avançar só reúne o acordo do PSD e da CDU.

É que a anterior câmara, liderada por Rui Barreiro (PS), já tinha contratado um projecto para aquele espaço, em 2004, à Geocódice, um gabinete que trabalha na área da arquitectura paisagista, tendo mesmo assegurado verba para a obra no âmbito do Programa Polis.

Agora, o actual executivo (PSD) decidiu anular o contrato celebrado com aquela empresa e vai avançar com um outro projecto elaborado pelo gabinete de arquitectura da autarquia, que desenhou recentemente o Jardim dos Cravos.

Moita Flores alega que o estudo prévio apresentado pela Geocódice não estava a respeitar os pressupostos acordados, e “distanciou-se do programa fundador”, o que estava a “desvirtuar” toda a concepção paisagística do jardim, para além de, em termos técnicos, não garantir a “drenagem e permitir infiltrações”, numa zona “muito sensível” do planalto.

Por outro lado, o autarca pretende “uniformizar”, em termos estéticos, todos os espaços verdes da cidade, dando-lhes “coerência”, e ao mesmo tempo “respeitando a tradição histórica do romantismo”, que, na sua opinião, caracteriza os jardins da cidade.

Apesar das explicações, Rui Barreiro considerou que “antes de se ter decidido a resolução do contrato com a empresa”, a câmara deveria “ter feito sugestões” à Geocódice, de forma a alterar aquele projecto, e lembrou que, em vez disso, o ex-vereador Mário Santos, que tutelava o espaço público do actual executivo, tinha despachado em Junho de 2006 no sentido de serem efectuados apenas “melhoramentos nas infra-estruturas já existentes no jardim”.

“Isto demonstra um claro abandono do concurso que estava lançado, e que foi objecto de ampla discussão pública”, afirmou o vereador socialista que, em conjunto com a sua bancada, votou contra o projecto apresentado na reunião de câmara do dia 15.

Para José Marcelino (CDU), que votou a favor, o essencial “é que a obra arranque o mais rapidamente possível”, de forma a devolver aos visitantes e moradores “aquele espaço nobre”, que se encontra actualmente degradado.

Defendendo a “participação activa dos técnicos da autarquia em todos os projectos”, o vereador considerou que desta forma até “há poupança de verbas”.

O estudo prévio agora aprovado, e apresentado pela arquitecta Catarina Durão, teve acompanhamento permanente por parte do IPPAR, sendo que toda a parte de concepção “já está terminada e aponta para a resolução dos problemas”.

 

Filipe Miguel Mendes

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